1. |
Crepúsculo dos ídolos
03:09
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2. |
O peso mais pesado
01:18
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Sonhei que um demônio chegava aos poucos, me acordando afoito com angustia em sonhar;
Trazia consigo uma idéia antiga e insistente, que morre na gente se não liberar dessas forças comuns, mas também prisioneiras…
Coagido no tempo, perdido no espaço, cantando sozinho seus versos relvados; minguando elogios de um ego decadente, que sabe que a gente, quando se ouriça, não quer confessar.
Rezar!
Se desesperar no caminho que enxerga, querer largar tudo, achando que não participa do todo e de época ou país se mudar;
Largando mão firme e bruta ou leve e certeira, da mão engessada do não querer participar
do eterno destruir e criar;
da dança dos corpos por sob os fenômenos;
da força incisiva de a própria vida comprar!
Pagar tudo à vista, sem dívida eterna com quem só quer cobrar;
Porra descabida e inzoneira!
Como a força da tristeza, que insistimos dia a dia que irá acabar, que o paraíso descerá à terra e humanos imundos irá abraçar
Deixemos de encostos, vamos criar uma vida com toda sua grande plenitude e potência, lidar com o instante e o eterno: trazendo luzes ao moderno;
Não acha que falta mais sinceridade em nosso olhar?
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3. |
Furo no asfalto
01:44
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Instinto em arte só anda metade
Do caminho que podia andar
Por trás do retoque, do lindo destaque
Está o mais importante
A força do dito, do dito infinito
Trazido por trazer poder
Pra fazer povo unido, sem tanto indivíduo
Padecendo a florescer
Merece destaque toda rosa forte
Que fura o asfalto, que impõe sua beleza
Mesmo influenciada, tomou seu caminho
Comprou suas brigas, aceitou seu destino
Procurando compreendê-lo, ou melhor, surpreendê-lo
E enquanto uns selam suas chances de um dia começar
A mudar
Ela selou suas chances de um dia parar
De lutar
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4. |
Filosofia primeira
03:34
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Nesses tempos de bagunça
É que a criança pode andar
Incentivo o equilíbrio
Do desequilibrar
A filosofia primeira
Sempre quis incomodar
Intuindo, com leveza
A incerteza do que há
Mas sempre tem alguém com medo
De perder estabilidade
Nessa nossa ordem social
Ter um dia como o outro
Um eterno retorno do mesmo
Sem velho, novo ou atual
E é por isso que eu prefiro
Com a mudança me adequar
Ao invés de todo tempo
Em uma bolha me injetar
Se filosofia vira ciência
Desaprendemos questionar
Pois queremos ter certeza
Sem a certeza de se estar
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5. |
Carne burocrata
02:26
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E na hora de valorar
As possibilidades de busca
Na existência devemos priorizar
A verdade estável ou uma vida livre?
Incitar a paixão
De ir dormir e não dormir
De alegria que no outro dia
Poderei fazer mais!
E esse mais bem me convence
Enquanto me entendo não consciente
Totalmente do que rola ao meu redor
Mas é diferente contentar-se
Nem saber opinar entre a mudança
Ou a preservação
Sentir no caminho um desconforto
De ser sustentado por tantos órgãos
Miríades de moléculas, átomos
E no fim pouco com isso criar
Existem vidas mais “simples”
Como o vírus, que moveram mais gente
Isso não é uma birra decadente
Mas talvez pareça e, felizmente,
Tudo morre e dá seu lugar
E na hora de misturar
As possibilidades de formas
De viver e de criar
Que me dão a liberdade de ser só o que sou
Não se importe com o outro olhar
Formatado sem saber que opina com interesse
Interesse em mudar ou preservar
Escondido por discursos sob o flanco
Da carne burocrata
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6. |
Negação
03:41
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Ajo assim sem pensar, penso assim sem saber;
Meu figurino A, meu figurino B;
Borboleta negou, borboleta nasceu;
A tensão de A contrapondo-se a B é o que há!
Me nego a sentar e refletir com você
Isso só vai lhe abalar a imagem do meu ser
Parece até dejá-vú, algo muito aquém
Odeio te enfrentar, e te amo também
Mas não vou deixar pra lá isso aí
De saber mais ou menos de onde
Tiraste o que diz, fundamentos e tal
Ó, sua chancela cruel, que ainda molda meu ser
Me transforma, aos poucos, no que escolheu pra mim
O que é que Deus quis há tanto fazer
Que me envolveu?
Mas será que não é melhor a imanência
Ao invés da transcendência?
Ajo assim sem pensar, penso assim sem saber;
Meu figurino A, meu figurino B;
Borboleta negou, borboleta nasceu;
A tensão de A contrapondo-se a B é o que há!
Me nego a sentar-me, inibir-me, abster-me;
O fundo do mar, e o universo do universo evidente;
Não sou Ser, sou Devir;
Sei que você é, também!
O eterno escoar, a síntese que se forma sem cessar!
Um novo dogma surgiu;
Claramente, sou um homem racional
E ouçam o que vou dizer!
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7. |
Votos de Luz
03:13
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A determinação herdada
pelo sol, pelo som e pela dor
Tantos caminhos, poucas chances
da nossa corda não se arrebentar
Comi o pão que o diabo amassou
quando eu perdi a mágica das coisas
Chupei chupeta até os dez anos pois eu tinha
um medo colossal de me desprender da infância
A determinação herdada
pelo pai, pelo irmão e pelo amor
Tantos caminhos, poucas chances
da nossa corda não se arrebentar
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8. |
Miríade de frustrações
03:42
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9. |
Alucinógeno do sol
04:09
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Esqueça só um pouco o chão que pisa
O que foi que você fez para chegar onde chegou?
Toda hora, todo lado, todo mundo
Todo espaço e tempo em vão;
Homem das marcas, abra a mente
E venha ver se o mundo é mesmo assim,
tão mal ou bom
Tá bom para você só cantar?
De boa no seu canto, só a teorizar
Olhando para si e o que quer ser?
Oh, meu alucinógeno do sol
Que faz a minha perna se mexer e também
Elucida os atos falhos e o poder à quem
Terá este fardo a carregar
Esqueça só um pouco o chão que pisa
Alienaram todos, o que posso fazer?
Continuar a andar…
Não tem o que fazer
Do outro lado de cada produto novo
Existe o que chamo de irmão
O amor? O amor já foi vendido para quem quis tê-lo um dia
Em sua insólita coleção
Tá bom para você só cantar?
De boa no seu canto, só a teorizar
E quando a lucidez bater, chorar?
Oh, meu alucinógeno do sol
Que faz a minha perna se mexer e também
Elucida os atos falhos e o poder à quem
Terá este fardo a carregar
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10. |
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Qual é a causa do nosso sofrimento?
Se buscamos sempre tentar estar
Em um tempo e espaço diferente desse que aqui está
Seja para acusar um outro, seja para adentrar uma obra
Seja pra dizer que não consegue superar um antigo mal
Triste cair nisso, sempre evito
Acredite mais na força do pensamento
Entre outras, acredito mais na força do pensamento
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11. |
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Já dá pra afirmar, de pronto,
Que posso, mesmo fraco, me equilibrar
Seja em acordes ou pensar
Sentindo, talvez sem poder explicar
Foge o tempo e, quiçá
Subindo, sentindo o sentido escondido
E zás, cobrindo a vontade de terminar
O que, sem você, nunca existirá
Será que tendemos a dar menos importância às coisas
Conforme as temos em demasia e maior exatidão?
Sucumbe ao costume, à falta de turbilhão próximo
À linha que divide o que lhe dão, o que pensa, o que vê
E o que acredita que vai
Sozinho lhe resolver!
Tudo o que criar, quando em quando
Virá sem uma peça complementar
Dizem que assim não dá pra brincar!
Já digo que foda-se, assim é possível criar!
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12. |
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Será caso de altruísmo
Ou de um interesse em profusão?
E então?
Decora textos tão ambíguos
E digere os fatos de antemão
Ou não?
Sem gosto por líder político
Representatividade, não!
Acabou!
Sem gosto por modelo empírico
Abaixem essa representação
Acabou!
Vem escolher
O “menos pior”
Pra escolher
Gira, gira, muda mundo
Suspenda o artifício “nobre”
Controlador e centralizador do outro sentir
E ao que me incubir, saiba, desde esse instante
Poderoso e ansioso, que a vida não acaba ao morrer
Sufoque o monstro, esse “Eu”!
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13. |
Élan Vital
03:49
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Chega de ser tolo
Viver achando que uma hora estará satisfeito
Não sabe sequer se quer chorar
Sequer sorrir
Vou tentar ser mais afirmativo
E dar um pouco mais de mim nisso
De tentar ganhar independência
Desse bombardeio todo
Que querem nos botar
É hora, pois, de amadurecer
Desaprumar a consciência
Desse plano simples
Condicionar, não ser condicionado
Sem a petulância de dizer
Que sabe o que é “o melhor”
Não acha que é um pouco demais pensar
Que a realidade é necessária
E nós temos um papel definido
E o que mais desejamos ou tememos
Está por aí, fruto de nós mesmos
Rebaixando a vida e lamentando
Tudo o que é natural
Eu já cansei
Não me acho mais
Tão especial
Por que devo achar
Que eu sou mais
Que um feijão?
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14. |
Paralelas
05:56
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Bom,
Finalmente acordei sem querer me odiar
Sem enxergar em mim o fracasso, o que me faz parar
De tentar tocar o dia, me incendiar
Quero aproveitar um pouco
Suas canduras indiscretas, Belchior em Paralelas,
E hoje é o dia de sustentar-me sempre alegre
Igual criança, não devoto da esperança,
Como imputam-me ser
Mas cá entre nós,
Acordar não tem sentido se não tem
Agir de uma forma coerente com seu
Pensar, vezes crente, vezes cético
E alçar dias mais brilhantes
Sem ignorar instantes
Reaprender, com não humanos, o que era
Ou ainda é…?
O mundo é para quem nasce para o conquistar
E não para quem sonha que pode conquistá-lo, ainda que tenha razão.
Tenho sonhado mais que o que Napoleão fez.
Tenho apertado ao peito hipotético mais humanidades do que Cristo,
Tenho feito filosofias em segredo que nenhum Kant escreveu.
Talvez saiba onde vou chegar
Mas a vida leva pra onde quer
E solta a voz do coração
Pra forjar um caminho
Mas sou e talvez serei sempre o da mansarda,
Ainda que não more nela;
Serei sempre o que não nasceu pra isso;
Serei sempre só o que tinha qualidades;
Serei sempre o que esperou que lhe abrissem a porta ao pé de uma parede sem porta,
E cantou a cantiga do Infinito numa capoeira,
E ouviu a voz de Deus num poço tapado.
Sou um tapado!
Quase esqueci que hoje o instante alegra-me
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15. |
Tratado de imanência
05:39
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Como justificar que a palavra “mar”
Pode abarcar todo o saber
Que se esconde lá?
Como posso negar que ao medir você
Não meço a mim?
Borda, torto, um novo traço pra mim
Borda, torto, um novo traço pra mim
Borda, torto, um novo traço pra mim
Borda, torto, um novo…
Torna se você matou a primeira
Torna se você afirmou o negado
Torna se aceita pra si a diferença
Torna se você continuará a insistir
Em não perde-se no caos
Viver não é mais um conto de horrores
Viver não é mais um algo a acontecer
É natural
Viver é não parar pra comparar
É deixar ser o que só poderia ser
O que não precisou de mim
Pra germinar e seguir sua harmonia
Mas que pelos afetos será determinado, sim
Sou só um convalescente desvairado
Que soa a febre toda até secar
E vê no esquecimento faculdade
De acentrar, de fitar o futuro do ser
Um poder grande como o lembrar
Para acordar e viver outro dia
Sem toda a carga de chumbo
Que toda história, quando é própria, tem
Viver não é mais sofrer pelo perdido
Se é que de perdido é bom falar
Pois o todo é só um
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